quarta-feira, 1 de abril de 2015

SEMANA SANTA



A Semana Maior (ou Semana Santa) é, para os cristãos, um tempo oportuno de reafirmar, ao mesmo tempo em que acolher a vida plena proposta por Jesus (Jo 10,10). Constitui também um aprofundamento do tríplice aspecto que constitui centro da vida cristã: Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Através do mandamento do amor deixado pelo Mestre, compreendemos que o sofrimento experimentado individualmente e coletivamente (a compaixão), a morte diária das nossas próprias vontades, para bem melhor servir a Deus e aos irmãos, constitui o caminho para a experiência da Ressurreição.

Com o Domingo da Paixão, o qual no novo Missal Romano passou a ser chamado de Domingo de Ramos, em virtude da procissão que recorda a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, abre-se solenemente a Semana Santa. A finalidade desta celebração é a preparação para uma profunda vivência do Mistério Pascal. Nela já é proclamado o relato da Paixão de Cristo, conectando-nos com a Sexta-feira da Paixão.

primeira metade da Semana Santa (segunda-feira, terça-feira e quarta-feira), não é marcada por nenhuma celebração especial. Neste dias, a Igreja aprofunda o mistério da Paixão do Senhor, convidando-nos a contemplação do Servo Sofredor, através de figuras eloquentes apresentadas por meio dos textos bíblicos na liturgia da missa. A Igreja prepara-se para o Tríduo Pascal.

Segundo a liturgia da Palavra de cada dia, estabelece-se o seguinte:
Segunda feira: A unção de Betânia, onde Jesus anuncia a sua sepultura (Jo 12,1-11);
Terça feira: O contexto da última ceia, onde se dá o anúncio da traição de Judas e da negação de Pedro (Jo 13,21-33.36-38);
Quarta feira: Preparativos em vista da ceia pascal (Mt 26,14-25).

Quinta Feira Santa:
Santa Missa Crismal (Santos Óleos) - fim da Semana Santa

Na Quinta-feira Santa, celebra-se em todas as dioceses a Santa Missa Crismal, ou Missa dos Santos Óleos. Esta celebração conta com a presença dos sacerdotes, os quais, na presença do Bispo, procedem a renovação das promessas sacerdotais. Nesta celebração, óleo de oliva, misturado com perfume (bálsamo), é consagrado pelo Bispo para ser usado nas celebrações do Batismo, da Crisma, da Unção dos Enfermos e da Ordenação.

Com a missa da Ceia do Senhor, inicia-se Tríduo pascal. Nesta celebração, revivemos a Última Ceia, sobretudo o sacrifício pascal, sobretudo a ideia de continuidade, quando Jesus manda os discípulos fazerem o mesmo gesto em sua memória. Esta celebração tem como centro a Instituição da Eucaristia e o gesto de amor e de humildade de Jesus lavar os pés dos discípulos.

Terminada a celebração da Missa da Ceia do Senhor, o altar é desnudado. A desnudação do altar é um rito prático, com a finalidade de tirar da igreja todas as manifestações de alegria e de festa, como manifestação de um grande e respeitoso silêncio pela paixão e morte de Jesus. As hóstias consagradas são transladadas para um lugar adequado, devidamente preparado e os fieis se colocam em atitude de adoração. Cada um se coloca num espírito de silêncio respeitoso, uma vez que a Igreja faz memória de Jesus que sofre a Paixão e sua morte de Jesus, por isso, despoja-se de tudo o que possa manifestar festa.

Sexta-feira Santa não é dia de pranto e de luto, mas de silenciosa e amorosa contemplação do sacrifício cruento, com derramamento de sangue, de Jesus Cristo, fonte de nossa salvação. Nela a Igreja celebra a morte vitoriosa de Jesus Cristo sobre a morte. O elemento fundamental e universal da liturgia deste dia é a proclamação da Palavra de Deus, visto que a Igreja, por antiquíssima tradição, não celebra a Eucaristia neste dia. O rito da celebração da Paixão do Senhor é composto de três partes: a liturgia da Palavra, a adoração da Cruz e a comunhão eucarística.

Sábado Santo é um dia de silêncio, aguarda-se a Ressurreição do Senhor. Durante o dia, não se realiza atividades paroquiais, nem se celebra a Eucaristia. Nesse dia, venera-se o repouso de Jesus no sepulcro, a sua descida aos infernos e o seu misterioso encontro com todos aqueles que esperavam que se abrissem as portas do Céu (cf. 1 Pd 3, 19-20; 4, 6). No Sábado Santo, a Igreja permanece ao lado do sepulcro do Senhor, meditando sua paixão, abstendo-se da Missa até a solene Vigília Pascal, ou espera noturna da ressurreição do Senhor Jesus Cristo.

Vigília Pascal é uma das liturgias mais ricas em conteúdo e simbolismo que a Igreja celebra. O núcleo de todo o ano litúrgico, de que nasce qualquer outra celebração, é a Vigília Pascal, que culmina na oferta do sacrifício de Jesus Cristo no altar da Cruz. Segundo antiga tradição da Igreja, esta é uma noite de vigília em honra do Senhor (cf. Ex 12, 42). Os fiéis, como recomenda o Evangelho (cf. Lc 12, 35ss), devem esperar como os servos, com as lamparinas acesas, o retorno do Senhor, para quando Ele chegar os encontre em vigília e os convide a sentar-se à mesa.

Com o Domingo de Páscoa, termina o tríduo pascal. A partir dos séculos IV e V surgem os primeiros testemunhos da celebração eucarística do Domingo de Páscoa, ou Domingo da Ressurreição. A liturgia deste dia celebra o acontecimento pascal como dia de Cristo, o Senhor. A liturgia da Palavra contém o querigma pascal e a recordação dos compromissos da vida nova em Jesus ressuscitado, que acentuam o valor da celebração da Pascoa, que faz o fiel entrar, por sua participação, na condição de vida nova em Cristo.

Padre Cid Cruz

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