No
dia 02 de novembro de 1938 nasce na cidade de Ipu Lázaro Freire Silva, filho de
Maria do Socorro Silva e de José Freire de Sousa, família humilde composta por
cinco filhos. Aos oito anos de idade, já carregava a responsabilidade de ajudar
os pais com pequenos trabalhos, pois a renda da família era insuficiente.
Sua
mãe tinha um grande sonho, pedia a Deus ter um filho músico. Ela recebeu essa
graça e seus três filhos homens receberam o dom musical, assim seu pedido foi
atendido em dose tripla.
Por circunstancia do destino, um de seus filhos
Francisco foi embora para o Rio de Janeiro ficando Lázaro e Antônio Freire.
Ingressado na Banda Paroquial criada pelo Monsenhor Morais, composta de menores
e jovens da cidade de Ipu. O objetivo de Monsenhor Morais não era só formar uma
banda de música, mas também formar profissionais da música. E logo foram se
destacando excelentes músicos, como Lázaro Freire e outros que figuravam nas
bandas de músicas do Ceará, Piauí, Pernambuco e outras.
A banda de música tinha como destaque Francisco
Carneiro um saxofonista muito competente que fez parte da corporação do Ceará.
A banda Paroquial tinha como Maestro o Mestre Marçal, filho de Tamboril que veio
para o Ipu a convite de Monsenhor Morais. Lázaro Freire casou-se com 21 anos em
1959 tendo recebendo como esposa a senhora Maria José Sousa e Silva conhecida
como (Deu ou Deuzinha). Em 1961 trabalhou em uma fábrica de mosaico que
pertencia ao Monsenhor Morais. Também trabalhou na fábrica Piratininga, uma
fábrica de algodão que pertencia ao Senhor Abdoral Timbó.
A
vocação de Lázaro pela a música era tanta que mesmo trabalhando em outras
funções ele ainda encontrava tempo para estudar suas partituras.
Estudou no Ginásio Ipuense hoje conhecido como colégio
Ipuense.
Lázaro foi convocado para um concurso de música em
Pernambuco a convite de Raimundo do Vale, residente da cidade de Ipu. A prova
foi realizada no conservatório de músico; contava-se com a presença de trinta e
nove músicos da região do Ceará, Pernambuco e Piauí. Depois da prova os alunos
iriam conferir em um quadro o nome dos classificados. Chegando ao local Lázaro
só viu seu nome e se entristeceu achando que, por só ter o seu nome, acreditava
que ele seria o único que não havia passado. Mas não demorou muito para se
surpreender e seus anseios e sonhos... Quando o professor chegou até ele e lhe
parabenizou pelo seu 1º lugar do concurso dando lhe o titulo de “Maestro
Lázaro”.
Na gestão do prefeito da época, Dr.Milton Pereira,
Lázaro exercia seu cargo de Maestro e a banda de Música ainda continuava sendo
a Banda Paroquial. Depois por decisão do prefeito passou a ser Banda Municipal.
E seu trabalho foi se projetando eficientemente em todas as cidades da Zona
Norte levando sua cultura musical para outras localidades a convite dos
prefeitos das cidades como Ipueiras, Nova Russa, Pires Ferreira, São Benedito, Viçosa,
Carnaubal e por fim Poranga. O trabalho do Maestro Lázaro também é encontrado no 23º B.C. de Fortaleza na
Policia do Ceará e em todas as cidades representadas nas pessoas aos excelentes
músicos que ele formou.
Lázaro também fez o Hino do Colégio Ipuense com letra
de autoria de Monsenhor Morais e música de Maestro Lázaro. Dono de um rico arquivo
de dobrado, Hinos, Valsas, Músicas Clássicas e etc. Levou a banda de música de
Ipu para muitas apresentações, no desafio, confiante de competir o 1º lugar com
bandas de várias cidades, onde o publico aplaudia de pé, sendo visível a
profunda emoção que se apoderava do regente Maestro Lázaro e os integrantes da
Banda.
Mas o Maestro Lázaro queria ir mais além com a música.
Com a ajuda de Monsenhor Morais formaram uma banda instrumental que tinha o
nome de “Os Satélites”. Esse nome foi dado pelo o Sr. Vicente Rocha, essa banda
deixou de pertencer ao Monsenhor Morais, passando a pertencer ao Maestro
Lázaro, que fez dessa banda musical, que mais parecia uma orquestra, o sucesso
da época. Maestro Lázaro conseguiu trazer os melhores músicos dos estados do Ceará,
Maranhão e Teresina, vale ressaltar os nomes de músicos excelentes como. Demontier,
Marechal, Valter, Gonzaga, Valdir, Zé Carlos, Raimundinho, Chico da Vó, Temóteo,
França, Veloso, Augusto, Luciano, Danilo, Fco. Brasil, Deuzimar, e seu irmão
companheiro Antonio Freire, dentre outros... Além de músico foi comerciante dono
de umas cinco lojas de vendas de discos de vinil com lojas nas cidades de Ipu,
Guaraciaba, Varjota e Santa Quitéria.
Mandou construir uma belíssima casa na Rua Dr. Chagas
Pinto deixando lá sua marca registrada nos gradeados da casa o desenho de notas
musicais, a casa que pertence a sua família.
Na galeria dos filhos ilustres de Ipu, hoje retrata
quem coliografou musicalmente por anos e a foi à alegria das festas do nosso
Padroeiro o Mártir São Sebastião e do glorioso São Francisco de Assis.
Incansavelmente tentava conquistar espaço para
realizar seu trabalho e, nobremente, no meio da aula de música, em Poranga, no
dia 17 de junho de 2003, entre 13h às 14h, vitima de um ataque fulminante do miocárdio,
mesmo sendo socorrido até Ipueiras, despediu-se em meio aos instrumentos que
alimentavam seu prazer de viver e, “TUDO SE FEZ SILÊNCIO...”
A arte, a cultura Ipuense perdeu um grande artista
musical, mas sua marca indelével se eternizou...
Por: Fábia Freire