segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Poesias de Autores Ipuenses


 

A crise da Bica

Rainha fui, em tempos memoráveis,
Que beleza rara eu fui,
Com fúlgidas estrelas coroada.
Nas escarpas alteradas eu morava,
Da soberba majestosa serrania
O meu trono colocado nas altura,
Trilha por pedestal a dura rocha
Da sinuosa cordilheira ibiapabana.
A minha fronte era coroada.
Com fulgurantes diademas,
Formados pelas cristalinas águas da cascata altiva,
Que extasia a todos que deslumbra a terra.
A minha fama correu os quatro ventos,
Vivi nos comentários da grande imprensa.
Corri os mundos, fui levada a longínquos continentes,
Os vates mais exímios me entoaram lôas,
Escritores e romancistas me exaltaram
Dizendo dos encantos que me enxornavam a fronte.
Fui berço de vultos legendários.
Da esbelta Iracema do Guerreiro Branco,
As minhas águas se transformavam em véu
Batidas pelo sopro macio da matutina aragem.
Lindas tranças formavam minhas torrentes,
Que dos meus ombros de precipitavam a esmo
No formidando abismo CEM METROS,
Serpenteando entre as rochas em desalinho
No leito rústico do velho Ipuçaba.
Hoje, de vez tudo mudou,
 A natureza inclemente o cerne.
Fisionomicamente não sou mais conhecida,
Estancou-se tristemente, a minha fronte,
O Arco-Íris fugiu de mim espavorido,
Eclipsada foi a minha fama,
Não tenho água, não tenho mesmo água.
Perdi a decantada e esvoaçante cabeleira,
Não tenho mais alvinicantes tranças,
Não tenho mais o deslumbrante véu de noiva.
Não tenho mais o soluço pra acordar as gentes
Nas noites solitárias e ermas,
Não dou inspiração aos nossos seresteiros
Não tenho atrativos, não tenho nada,
Resumiu a minha história num rochedo,
Hoje sou pedra... PEDRA...e tão somente pedra.

(Monsenhor Morais


 
Obra: Eu e meus versos)





Ipu, a terra prometida.

Ipu, minha querida Ipu,
Do Criador, a terra prometida,
Quero te falar deste meu indizível  amor,
Que atravessou as diversas fases da minha ivda;
E voou célere nas asas do tempo.
Transpôs o reino da fantasia,
O florescer da juventude
E se firmou na plenitude
Da vida agora. Quanta magia !
Vejo-te, minha terra amada,
Com os olhos líricos da poesia.
Pungente em tua serra
Ecoou o grito de Araquém
O velho guerreiro indígena:
Ipu! ... Ipu!... Ipu!
Surgiu teu nome da tribo Tabajara.
Depois a tenaz portuguesa te colonizou,
Dando origem a tua etnia.
Tens um passado de lutas e de glórias.
Berço de Iracema, musa inspiradora do poeta,
As tuas ruas escondem lendas e histórias,
Mexo nos lembranças guardadas
Da minha fugaz mocidade.
Relembro o Grêmio Ipuense, o Clube Juvenil,
O Movimento Jovem, minha turma lá na praça,
Dedilhando violões cantando coisas de amor,
Que hoje, lamento, não têm o mesmo valor
As tertúlias, as matinês,
As serenatas ao luar ...
Ipu, vejo-te incondicionalmente bela,
Sei que a tristeza também te atropela,
Que infelizmente deixa sequela.  ,
Sei das tuas dores e anseios.
Mas, vejo-te como a morada das emoções,
Quem tem fé, tem esperança.
Conheço tuas serras e sertões,
Tua gente sofrida, teu povo amoroso.
Ver a serra, que bela imagem reflete
O verde da bonança.
A encantadora Bica – Oh! Quanta beleza!
Louvo o grande arquiteto
Da nossa mãe natureza!
Tuas praças, tuas ruas, tuas tradições,
Saudade dos antigos casarões.
Tua secular igrejinha, Matriz de São Sebastião,
Teu solo sagrado, o nosso chão,
Fazem de ti, talvez, “ o Paraíso de Eva e Adão!”.

Grace Farias




Passos pela praça de Delmiro Gouveia

meus passos pela praça
de Delmiro Gouveia são vagarosos
por ora me deslumbro com a matriz
por ora me afeiçoou com as lembranças
pois que o jovem de mim era
não um  vagante, mas pedaço
daquela praça.
hoje, à tarde, vago em busca
da parte da praça que eu tinha
em mim.

Valdemar Neto Terceiro



Ibiapaba verde esmeralda

Ibiapaba verde esmeralda
paredão de pedra nua, vidente
de tempos antigos, tal antiga morada
do sol itinerário, do poente

verde minha serra grande
encerram-se histórias  ‘inda infantas
esquecidas às ruas da cidade uivante
é tão surda, ao verso que cantas

serra esmeralda Ibiapaba minha
que o teu canto retenha toda ternura
de sempre desse murmúrio belo que ‘inda
nasce do teu eterno véu da noiva nua

Valdemar Neto Terceiro 



O progresso
( a minha terra )

Depois de Longa ausência, voltei,
para ver o teu progresso.
Encontrei tudo mudado ...
Procurei o coreto, que enfeitava a avenida,
foi sacrificado!
Em seu lugar,
a linda índia Iracema
imponente, e orgulhosa,
com sua graça selvagem,
está ali.
 A festa do padroeiro
na secular igrejinha
o sino alegre repicar
a banda afinada
no amplo patamar, a novena,
a quermesse, retrêta domingueira,
tudo acabou ...

Talvez cheia de amargura
tombou sem vida
a frondosa mongubeira,
ao lado da velha igreja!
Só uma cousa não muda, a bica,
Beleza sem igual, trazendo o ipuçaba
rolando de mansinho, entre o canavial !!
Fui andando ... muitas surpresas,
casas modernas, fui encontrando.
Não vi aquela rodinha
no grande tamarindeiro,
parece que antigamente
a vida tinha mais vida.
a vida tinha mais cor!
Tudo diferente, muita luz ...
jardins, algumas flores,
que pareciam sem o encanto natural,
era como se fosse, cousa artificial !!
Será que a rosa, vendo tanta transformação,
resolveu também mudar?
Notei uma gota de orvalho, caindo,
caindo de suas pétalas macias.
Não resisti... por isso mais que eu tentasse,
a saudade chegou forte!
e uma lágrima rolou em minha face!
Mesmo mudada, te admiro minha cidade verde,
bonita, moderna, mas, confesso,
senti tristeza.
falta a poesia da simplicidade!
Progresso malvado, porque mudaste
aquele Ipu, o Ipu do meu passado



Autor (a) : Ana Magalhães Martins melo ( Nainha Martins)
Obra: Verso e Reverso
Fortaleza Gráfica -1996





Ipu era Assim

Ruas tranquilas,
Praças ajardinadas, boulevards
Espaços largos,
calçadas altas,
passeios, alegres,
gente! Lojas, cafés,
padaria, flertes
cinemas, teatro, circos,
retretas,
Fachada, sacadas, casas,
Escadas.
Chafarizes, estátuas,
Bustos também,
Quiosques, corretos,
Pavilhão, lampiões.
Carros, misto, ônibus.
Clube Artista Ipuense,
Palacete Iracema o Grêmio
Hotéis, pensões familiares,
Pensões divertidas,
Vila Nova,
Rua da Mangueira,
Grota das Cunhãs
Gato Preto,
Xenxém,
Bom Clima,
Mão por Baixo
Maria Maga.
Alguns palacetes,
Solares bangalôs.
Igreja, novena, leilão.
Bica, Gangão.
Futebol,
E o mais que tudo,
Gente ! ...
Que era gente!

Autor:  Francisco de Assis Martins ( Prof.º Melo )
Obra: no orvalho das manhãs
Editora: Premius, 2012




Ecos de minha saudade

Ah! Meu Ipu! Não cala a minha voz
Enquanto meu coração gritar saudades!
Sacode a minha euforia
Deixa que mesmo aos prantos eu sorria,
Esperança a minha dor
E deixa gritar o meu grito de amor
A ecoar neste paredão de pedras,
Que assusta a relva e explode meu ais.

Ai! Ai! Meu Ipu querido
Não me abraça mais, com braços viris
Não me beija mais, com lábios de mel
Não me concedes de volta, o meu chão de estrelas
Frases de amor já não me convences mais.
A minha fantasia dança nas tuas de outrora
E me vou embalando, acertando o passo
Desafiando o tempo no meu compasso
E a melodia em silencia dentro da minha alma chora.

Exausta, me arrasto e as minha forças se esvaem
E na tentativa louca de te trazer de volta
O ultraleve de te trazer de volta
O ultraleve de minha alma ainda se atreve
Em um voo de esperança e fé
Rogar aos céus marcas do passado
E nas azas da incerteza ele me diz não!
Só ela está imponente e linda
Acordando saudades, velando a paisagem
Fonte da juventude, nascente perene,
Quadro vivo, cenário divino,
Cascata cantante, meu eterno hino,

Deixa-me subir na fita métrica  de tua altura
E buscar nas lentes de meus olhos
Amores que me fizeram festas,
Braços que me ninaram,
Mãos que me afagaram.

Quero ver, ouvir e sentir
Braços dos abraços que me abraçaram
Lábios das bocas que me beijaram
Riso dos palhaços que que em fizeram gargalhar
Ipu, fonte da minha vida
Ecos da minha saudade
Onde paira o meu amor.
Itanira Soares



Saudade

Saudade
Tenho de ti minha cidade
Quando criança a brincar,
Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar.

Saudade
Tenho de ti minha cidade
Quando adolescente a sonhar
Serenatas ao luar
Alguém a cantar
Para o amor exaltar.

Saudade
Tenho de ti minha cidade
A chegada do trem
Espera, partida ...
A conversa no banco da praça
Ilusões, sonhos, saudade contida.

Saudade
Tenho de ti minha cidade
A festa do padroeiro,
Tão esperada o ano inteiro,
Roupas bonitas
Anseios, conquistas.

Saudade
Tenho de ti minha cidade
Cenário verdejante
Véu de noiva esvoaçante
Palco de inspirações e de emoções.

Hoje,
Teu progresso me assusta
Cadê as crianças que brincavam de roda?
Para onde foi o trem?
E os adolescente sonhadores?
O violão, aquela voz, a canções
Onde estão

Progresso!
Realidade!
Saudade tenho de ti
Minha cidade.
Ana Lucila Ayres



O Coral de Ipu


Num verde juazeiro do sertão
A passarada alegre ali cantava.
Pasmando o viandante que passava.
N’alma sentido o viandante inspiração.

Que belos tons, que bela clarinada
Desses alados seres da natura
Que maravilham, assim a criatura
Deixando-a, totalmente inebriada.

Mais que o pássaro o homem tem poder,
De conceder sublimes melodias,
Que o tempo jamais faz esquecer.

Concerto assim, de tantas harmonia
O CORO de Ipu sabe fazer
Mandando aos céus divinas sinfonias.

(Oferecido  a Maria Valderez Soares de Paiva
Mons. Morais



Ipu Centenário

Sob o sigilo da linfa prateada
Que vivifica a gleba ao seu sopé
Nasceste Ipu, no poema do barco,
A levar sua voz num canto de fé

No tempo que passa, que avança, tu marchas,
Através da lida, da luta pra história,
Que há100 anos rege o ideal do teu jovem,
Construindo o porvir – o futuro da tua glória!

A taba guerreira gerou tua raça,
Dos mares bravios, o homem branco surgiu
Edificando na terra a nação varonil!
Conquistando da tribo a flor mais frmosa!

A buscar progresso, do passado surges,
Portanto lembranças de lutas renhidas,
Trazendo ao presente a tradição honrosa
Que é louro ao ideal e ás batalhas vencidas

Bendita sejas tu, Ipu doce terra!
Que teu centenário sempre, seja musa imortal !
Na rima do poeta que há na alma da gente,
A cantar tua saga num hino triunfal!


Conceição Viana



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